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Este Blog Foi Criando para você poder entender o que as drogas podem fazer ao seu organismo

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

USO ABUSIVO DE MEDICAMENTOS


  Jamais médicos dispuseram de tantas opções farmacológicas no tratamento de seus pacientes; todavia, vivemos em uma perigosa encruzilhada. Diuturnamente as indústrias lançam novas e miraculosas “hóstias farmacêuticas”, a imensa maioria das quais acompanhada de ardilosa propaganda que lhes atribui um potencial fantástico e omite seus efeitos colaterais. Poucos destes novos medicamentos resistem a uma década de uso; na verdade, a maioria é abandonada após alguns anos de utilização, tempo suficiente para nos darmos conta da sua falta de eficácia ou da sua toxicidade generosa, criminosamente omitida nas suas burlas. Tragicomicamente, algumas destas drogas, mudam radicalmente de indicação com o passar dos anos, denunciando uma torpe fraude mercantilista que tem no lucro a qualquer custo sua única meta.
            A Organização Mundial de Saúde nos oferece para reflexão a seguinte informação: 10 até 40 % por cento das pessoas internadas em um hospital qualquer deste Mundo, têm na iatrogenia medicamentosa a sua justificativa. Note, por favor, na aritmética acima estão excluídas as cirurgias desnecessárias; com certeza, responsáveis por um número ainda mais expressivo de internações hospitalares.  Por outro lado é banal ver pacientes tomando cinco, seis, sete...dez ou mais (meu record pessoal é quinze) diferentes drogas legais e obviamente intoxicados. Porém, sintomas secundários a over dosis medicamentosa são atribuídos à idade ou severidade da sua doença (ou a ambos) e nunca identificados apropriadamente. É trágico notar como uma nova medicação é introduzida na expectativa de combater efeitos colaterais do coquetel medicamentoso prescrito. Em razão disso, muitas vezes, os efeitos tóxicos dos remédios empregados superam, e muito, as dificuldades provocadas pela doença original responsável pela sua prescrição. Notável perceber, nauseado é bem verdade, que exames complementares supostamente anormais são a pseudo-doença e a razão para prescrições estapafúrdias.
 Já no século XVI dizia o suiço Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido pela alcunha paterna de Paracelsus...”Todas as substâncias são venenosas; não há nenhuma que não o seja. É a dosagem certa que distingue entre o veneno e o remédio” Assim, para que não paire nenhuma dúvida, remédios são venenos que exigem sabedoria para deles se tirar algum proveito. Embora pareça anacrônico, urge o resgate deste conceito medieval para minimizarmos o sofrimento causado pelas distorções da prática médica contemporânea.

ANOREXÍGENOS
             Anorexígenos são substâncias usadas com o intuito de promover aversão a alimentos e assim se obter perda de peso no usuário. Maioria delas contém anfetamina ou derivados. É verdade inquestionável que realmente promovem emagrecimento; porém, é igualmente verdadeiro que são responsáveis por inúmeros e graves efeitos colaterais. Sintomas de natureza psíquica são inúmeros. Estes incluem ansiedade, irritabilidade, euforia, melancolia reacional, surtos psicóticos, idéias suicidas, etc.
            Com exagerada freqüência, pessoas usuárias destas drogas ficam prisioneiras do próprio tratamento e transformadas em pacientes psiquiátricos. Desta maneira, o benefício da redução de peso é apenado com um tributo pesado – a perda da sanidade mental. Logo, a espelhada e agradável auto-imagem emagrecida, em pouco tempo, será substituída por um perigoso sentimento de frustração. Assim, indivíduos deteriorados psiquicamente não irão tirar nenhum proveito de uma estética supostamente melhorada. Pior ainda, costuma ter um efeito rebote, o ganho de peso após sua supressão, costuma ser ainda maior que a perda obtida durante o período de uso. 
            Obesidade é uma condição complexa e, aliás, reverenciada como normal em muitas sociedades; assim, para uma melhor compreensão da mesma, seus acometidos deveriam ser objetos de judiciosa avaliação médica e psicosocial.  Por isso mesmo, abordagens apropriadas deveriam levar em conta aspectos da personalidade e a maneira de viver do indivíduo. Por outro lado, é comum ver formulações mágicas, desenvolvidas por mercadores inconseqüentes e para uso coletivo. 
 Fenobarbital (PB) foi descoberto na Alemanha em 1912, precisamente no dia de Santa Bárbara, inspiradora do seu nome. É a droga barbitúrica mais usada no mundo. No Brasil é comercializada com os nomes de “gardenal” e “edhanol”.
            Em primeiro lugar, gostaria de lhes reafirmar uma convicção: barbitúricos são altamente eficientes para impedir a recorrência de ataques epiléticos diversos. Sinceramente, não vislumbro dentre as atuais drogas antiepiléticas (DAE), alguma com eficácia superior. Contudo, a performance de uma DAE não pode ser medida exclusivamente pela sua habilidade em anular epilepsia; assim, seus potenciais efeitos negativos nunca deveriam ser perdidos de vista pelo terapêuta responsável. Com relação a PB, demoramos excessivamente para reconhecer seu mais grave problema: é extremamente difícil encontrar um usuário crônico que não desenvolva barbiturismo, isto é, a combinação de sonolência (ou paradoxal hipercinesia) com transtornos cognitivo-comportamentais em grau variado. Como crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis, é possível inferir o fantástico número delas que foram desgraçadas pelo uso abusivo de PB até recentemente entre nós.  Muitos dos seus usuários, prisioneiros do próprio tratamento, foram transformados em pacientes psiquiátricos e encaminhados para “tratamento especializado” em deprimentes masmorras psiquiátricas espalhadas pelo país, onde profissionais incapazes de identificar a óbvia origem das suas dificuldades, não somente aumentavam a dose do “medicamento”, bem como prescreviam outras drogas, igualmente não inocentes, para o “tratamento” dos típicos efeitos barbitúricos, consagrando uma brutal iatrogenia. Além disso, depressão grave induzida pelo seu uso prolongado, é demasiado freqüente para ser ignorada, e, com toda certeza, foi responsável por muitos dos suicídios vistos na população sofredora de epilepsia. Por isso, deveríamos dar um basta definitivo na tragicomédia representada pela prescrição de medicação antidepressiva para o tratamento deste comum efeito colateral.

FENITOÍNA ou FEIOTOÍNA 

            Pesquisadores norte-americanos, prováveis misóginos radicais, descobriram fenitoína (PHT) ao final dos anos trinta do século passado e a apresentaram ao mundo como “grande droga antiepiléptica, indispensável no tratamento de pessoas com epilepsia”. Enfim, tínhamos uma droga mágica, aparentemente com “eficácia superior ao fenobarbital e menor toxicidade”. E quando se ganha uma guerra, a versão do vencedor passa a ser verdade inquestionável, geralmente assumindo caráter de dogma religioso. Apesar do estardalhaço inicial, PHT revelou ser uma droga com espectro de ação semelhante ao PB alemão e com efeitos negativos também. Alguém então sugeriu, hipoteticamente, que a combinação de PB com PHT teria efeito sinérgico e assim finalmente surgiu a “medicação ideal”, alcunhada de “comital” e difundida amplamente pelo universo.
            Durante décadas, PHT (associado ou não a fenobarbital) foi usada massivamente no tratamento de pessoas com epilepsia, sem que ninguém ousasse comentar seus inúmeros e freqüentes efeitos colaterais desagradáveis. PHT é considerada uma droga antiepilética MAIOR e não discordamos disso; porém, todos que a prescrevem generosamente, deveriam igualmente ter em conta que ela é também a MAIOR causa de feiúra medicamentosa da atualidade. Aliás, neste aspecto, seu potencial é tão dramático que melhor seria chamá-la de “feiotoína”, tal a desgraceira estética que geralmente provoca nos seus usuários. Particularmente as mulheres pagaram um pesado tributo no passado (e muitas seguem sendo desfiguradas no presente), sendo alijadas do convívio social por apresentarem a síndrome feiotoínica clássica: brutal halitose, consequência de sangramentos provocados por gengivite hiperplásica; hirsutismo sutil ou generalizado e acne difusa.

DIAZEPAM E DERIVADOS

            Diazepam é uma droga fabulosa para diversas situações. Por exemplo, não há medicamento igual para combater ansiedade, uma praga na sociedade moderna e também para interromper rapidamente ataques de epilepsia. Ela foi descoberta no final do século XIX e somente ao fim da II Guerra Mundial começou a ser utilizada. Neuropsiquiatras  poloneses, a quem cabe a primazia do seu  uso pioneiro, na capital Varsóvia semi-destruída e com uma população atormentada por ansiedade, testaram e ficaram maravilhados com sua eficácia. Comercializada pela multinacional Roche, ganhou o mundo com o nome fantasia de “valium”.  Nas últimas cinco décadas desenvolveram-se cerca de 15-20 derivados desta droga, maioria delas tem em comum o sufixo “am”; assim surgiram: bromazepam, clonazepam, lorazepam, alprazolam, clobazam, midazolam, etc.
            Qual o problema com droga tão boa? Não levamos em consideração que seu uso deveria ser circunstancial; isto é, deveria ser restrito àquelas situações de extrema ansiedade (ou para abortar crises de epilepsia prolongadas), incontroláveis por qualquer outro método não medicamentoso. Dependência, similar àquela provocada por álcool, é freqüente; além do fenômeno da tolerância... doses crescentes para se obter o mesmo efeito. Todavia, pior que estes defeitos, foram a constatação de que seu uso exagerado e por tempo excessivo, estava associado com prejuízo da memória recente e sintomas depressivos. Muito provavelmente, um contingente enorme de pessoas sofredoras de “depressão” da atualidade, tem no uso crônico de diazepam - ou derivados - a sua causa. Mais ainda se levarmos em conta, que muitos destes indivíduos também são consumidores de álcool, duas drogas que por atuarem em sítios semelhantes do sistema nervoso, tem seus efeitos potencializados.
            Impossível deixar de ignorar o risco que benzodiazepínicos trazem para sofredores de transtornos do sono; em particular àqueles que roncam; estes passam a ter o risco de apnéia durante o sono aumentado sensivelmente e assim ficam expostos a doença vascular obstrutiva, em quaisquer órgãos. 

ASPIRINA E HEMORRAGIA DIGESTIVA        
    Se é Bayer é bom? Nem sempre! Aspirina, também conhecida por AAS (ácido acetil salicílico), foi usada pioneiramente pelos chineses há milhares de anos. Eles a obtinham intuitivamente através de um chá com a casca do “chorão”; um preparado hábil para combater dor e febre. Ao final do século XIX, pesquisadores alemães a sintetizaram em laboratório e esta descoberta enriqueceu a multinacional alemã, sendo seu “carro chefe” por muitas décadas. Claro que a milenar aspirina é uma boa alternativa em diversas situações, particularmente como antiagregante plaquetário (= afinador do sangue) na atualidade; porém, é obrigação reconhecer que esta droga aparentemente inocente é responsável por diversas internações emergenciais.  É, muito provavelmente, a causa mais banal de sangramentos digestivos de intensidade variável. Por outro lado, é bem sabido que álcool potencializa sua natural agressão à mucosa gástrica; aliás, esta é uma combinação infeliz, freqüentemente associada com episódios de hemorragia digestiva. Assim, transmita aos seus que medicamentos contendo aspirina nunca deveriam ser usados na prevenção ou tratamento da vulgar ressaca Além disso, mantenha sob vigilância todo o usuário prolongado desta substância, mesmo que em doses diárias mínimas. Caso estes desenvolvam anemia, hemorragia digestiva crônica é o diagnóstico primeiro e seu emprego deveria ser imediatamente suspenso. E jamais cometam a insensatez de usá-la em uma pessoa sob suspeição de dengue; uma condição ainda epidêmica em vários locais do mundo, cuja variante hemorrágica será piorada por esta substância. 

ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO HORMONAIS
 
            Certamente que são capazes de aliviar dores diversas, particularmente das articulações, e poucos da nossa espécie depois dos quarenta anos estará livre deste tormento. A maioria de nós, à medida que envelhecemos irá sofrer de artrose, um tipo benigno de reumatismo. A sapiência popular refere-se a este fenômeno fisiológico com bom humor, é a idade do condor dizem. Ora com dor aqui, ora com dor acolá. Contudo, todas estas drogas possuem diversos efeitos indesejáveis. Por exemplo, nefrotoxicidade importante e, além disso, agridem a mucosa gástrica de maneira análoga à aspirina, que, aliás, está inserida neste grupo. Graças a um marketing bem sucedido são consideradas inocentes; diclofenato de sódio, a principal delas, é largamente prescrita, ensejando grotesca subestimação da sua toxicidade. Em conseqüência, casos de perfuração gástrica repetem-se nas emergências configurando uma entediante e perversa farsa. E muitos sofredores de Hipertensão Arterial Sistêmica e de Insuficiência Renal têm no seu uso crônico a mais óbvia causa.

ANTI-HIPERTENSIVOS
 
            A pressão arterial das pessoas tende a um aumento gradual com o passar dos anos e, além disso, ela sofre oscilações ao longo do dia. Tais fatos são frequentemente ignorados. Assim, é comum encontrarmos pessoas exibindo sintomas de hipotensão arterial, tais como tontura, fraqueza, sonolência diurna, etc, em uso de medicação anti-hipertensiva; pois foram equivocadamente diagnosticados e tratados como sofredores de Hipertensão Arterial.
BOTOX


Difícil encontrar uma mulher atualmente que já não as tenha experimentado. Aliás, dificílimo encontrar uma de meia idade que não esteja em uso de alguma delas. A moda bizarra pegou até entre veterinários; pois cachorros e gatos urbanos, seqüestrados em apertamentos, naturalmente adoecem e surrealmente também estão sendo “tratados” com estas panacéias. 
 Para piorar a situação eis que chega a toxina botulínica como medicamento espetacular. Botox é o nome comercial mais afamado da coisa. Para os mais novos, segue uma informação adicional. Toxina botulínica é aquela mesma velha conhecida das nossas avós; elas a temiam quando faziam suas conservas artesanais e por isso mesmo tinham cuidados especiais no seu preparo. Elas sabiam de uma doença antiguíssima e freqüentemente fatal chamada botulismo – paralisia do corpo devido intoxicação por toxina botulínica veiculada em conservas mal preparadas. Pois bem (deveria escrever pois mal), pesquisadores na década de oitenta, descobriram nela uma boa alternativa para tratamento sintomático de diversas condições neurológicas que cursam com rigidez muscular ou distonia. E realmente é mister lhes dizer que ela poderá ser de grande utilidade em algumas destas situações. Todavia, extrapolou-se abusivamente sua indicação e atualmente, pasmem, ela concorre com a cirurgia plástica no mórbido afã de perpetuar beleza estética. E definitivamente virou moda social. Assim como temos alopatas, homeopatas, agora temos também osbotoxisopatas que usam “à bangu” seu poderoso “medicamento” anti-velhice.